Chafarizes de Salvador

 

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Em meados do século 19, Salvador recebeu magníficos chafarizes europeus, fabricados, por exemplo, pelas renomadas empresas francesas J.J. Ducel e Val d'Osne.

Em 1849, existia uma comissão criada pelo governo da Bahia para a obra do Chafariz da Cidade Baixa, em que se estudava as fontes disponíveis de água potável. Uma ilustração de 1850, mostra que já existia uma fonte no Largo do Theatro, depois substituída pelo chafariz de Colombo.

Em 17 de junho de 1852, a Lei Provincial n. 451 autoriza o Presidente da Província a contratar os bacharéis Francisco Antonio Pereira Rocha, renomado jurista baiano, e Bernardino Ferreira Pires para formarem uma companhia, para a instalação de 12 chafarizes na Cidade. Rocha foi a Europa e adquiriu os chafarizes.

A Companhia do Queimado, conhecida também como a companhia de chafarizes, foi instalada em 1º de fevereiro de 1853, com escritório na Rua Nova do Comércio.

Em 8 de dezembro de 1853, começaram os trabalhos realizados pela companhia de chafarizes, estabelecida para fornecer água potável, das vertentes do Queimado, à Cidade Alta e Baixa, conforme Fala Recitada na Abertura da Assembleia Legislativa, pelo presidente da Província, em 14 de maio de 1856. Nesse mesmo relatório, o presidente da Bahia cita que a companhia de chafarizes "continua com toda a atividade na execução das obras a que se obrigou". O presidente também cita que já estavam instalados cinco chafarizes: o da Água de Meninos, o da Praça do Comércio, o do Terreiro de Jesus, o do Largo do Theatro e o da Piedade.

Segundo Silio Boccanera Junior (Bahia Histórica, 1921), o projeto dos chafarizes foi aprovado pelo governo da Província, em 1854, referindo que as plantas estavam no Arquivo Público.

Em 1855, começou a instalação do primeiro chafariz do Sistema do Queimado, o da Praça do Comércio, sob a direção do engenheiro francês José Revault, que trabalhava na Fábrica de Tecidos de Santo Antônio do Queimado, que ficava ao lado da Companhia de Águas. Revault também participou da instalação do Monumento Riachuelo, em 1874. O chafariz da Praça do Comércio não existe mais. Era do escultor francês Hubert Lavigne e foi fabricado na Val d'Osne. O mesmo modelo figurou na Grande Exposição de Londres, de 1851.

Em oito de dezembro de 1856, a água do Sistema do Queimado jorrou pela primeira vez nos chafarizes da Cidade, "com geral satisfação", de acordo com o presidente da Bahia, J.L.V. Cansansão de Sinimbu, em sua Fala à Assembleia Legislativa, em 1º de setembro de 1857. Sinimbu observa, entretanto, que, nos primeiros dias, a água estava saturada de óxido de ferro, proveniente dos tubos. Após uma limpeza e feito uma análise química, verificou-se que a água era "das melhores de que se faz uso nesta cidade". A comercialização da água foi iniciada em 7 de janeiro de 1857.

Em setembro de 1858, já existiam 11 chafarizes instalados e estava-se instalando o chafariz do Largo do Accioli, o último contratado. Além desses, mandou-se instalar o do Largo da Saúde.

Em 1860, já existiam 15 chafarizes, incluindo o do Largo do Guadalupe, o do Largo da Saúde, o da Rua Direita da Mouraria, o da Barra, o do Passeio Público, o do Largo do Accioli (no atual Largo Dois de Julho) e o da Rua do Cabeça. Provavelmente nesse ano foi instalado um chafariz no Bonfim, estendendo-se o encanamento da Água de Meninos. Previa-se que esse encanamento seria estendido até Itapagipe, com a instalação de mais chafarizes.

Por volta de 1862, foi instalado o chafariz do Arsenal da Marinha, em frente à Igreja da Conceição da Praia.

Em 1865, foi instalado o do Largo do Bonfim (Colina Sagrada) e o do Passeio da Sé (Praça D. Isabel). Antes de 1871, foi instalado o chafariz da Boa Viagem. Outro chafariz foi instalado no Palacete Machado.

Chafarizes foram também instalados na Mouraria, Lapinha, Forte de São Pedro e outras partes de Salvador. No total, existiram pelo menos 22 chafarizes espalhados pela Cidade. Alguns deles ainda existem.

O Chafariz da deusa Ceres, no Terreiro de Jesus, é o mais belo de todos, admirado por Dom Pedro II, em 1859. É um exemplar confeccionado na lendária Val d'Osne, da França. Salvador possuiu pelo menos seis chafarizes da Val d'Osne, partes delas são encontradas na Piedade e no Rio Vermelho, no Monumento a Colombo.

O belo chafariz da Cabocla foi inaugurado na Piedade, em 1856. Está atualmente nos Aflitos.

Em 1881, existia um chafariz de mármore no Mercado do Ouro.

Com a ampliação do sistema de água encanada para as residências, os chafarizes perderam sua utilidade e tornaram-se apenas ornamentais. A maior parte desapareceu. Em 1916, algumas esculturas dos antigos chafarizes foram decorar a Praça Castro Alves (veja foto), talvez sejam as mesmas da Piedade ou as do Rio Vermelho.

 

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Chafariz Colombo

 

Chafariz do Senhor do Bonfim, instalado na Colina Sagrada, em 1865, como parte das ampliações do sistema do Queimado.

Mais: os chafarizes do Bonfim

 

Chafariz

 

As belas esculturas neoclássicas de Mathurin Moreau, montadas no Monumento a Colombo, do Rio Vermelho, eram parte de chafarizes, no passado. Esculturas idênticas são encontradas no Terreiro de Jesus e na Piedade.

 

Chafariz Palacete Machado

 

Chafariz Cabocla

 

Monumentos

 

 

 

Chafariz antigo

 

Chafariz Bonfim

 

Esculturas

 

Chafariz conceição

 

O chafariz do Passeio Público, em fotografia de meados do século 20. Sua instalação foi prevista na Lei Provincial n. 451, de 1852. Foi instalado entre 1858 e 1862, adquirido da empresa parisiense J.J. Ducel, a qual foi incorporada pela Val d'Osne, em 1878. Na segunda metade do século 20, ele foi relocado para os jardins do Palácio da Aclamação. Em seu lugar foi colocado as ruínas de um outro chafariz.

 

 

Acima, o belo chafariz da Praça do Comércio, atual Praça Conde dos Arcos, em parte de fotografia de Lindemann, cerca de 1890. Sua instalação foi iniciada, em 1855, e inaugurado em 8 de dezembro de 1856, como parte do sistema do Queimado. Por volta do início do século 20, esse chafariz foi relocado para uma praça do Gymnasio da Bahia, atual Central.

Embaixo, o chafariz do Arsenal da Marinha, em frente à Igreja da Conceição da Praia. Ilustração de 1873. Parece ser similar ao da Praça do Comércio. Não se conhece seu destino.

 

O chafariz de Colombo, em fotografia por volta de 1900. Esse chafariz data de 1855 e foi adquirido como sendo de Cabral. Entretanto, em 1860, a escultura foi referida como sendo de Colombo por Maximiliano de Habsburgo, que visitou Salvador. Ficava no local do monumento a Castro Alves e foi relocado para a Praça da Inglaterra, após a inauguração do Monumento ao Poeta. Sua base é provavelmente aquela que está na praça Lord Cochrane, na Garibaldi. A escultura de Colombo está agora no Rio Vermelho.

 

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Chafariz

 

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Por Jonildo Bacelar